A Grande História de Alexandre
por Valerio Massimo Manfredi
Eu sempre tive um grande entusiasmo por história, sempre gostei de grandes histórias como a queda da república romana, as batalhas épicas dos saxões contra as invasões dos inimigos dinamarqueses e etc. Mas nada tem me deixado tão intrigado nos últimos meses como a história de Alexandre, o Grande.

Alexandre viveu por volta de 350 A.C. filho do rei Filipe II da Macedônia e de sua rainha Olímpia do Épiro, irmão mais velho de uma formosa princesa, Cleópatra. Pertencente a dinastia real macedônia dos Argueades, cuja lenda se diz que eram descendentes de Héracles(Hércules). Alexandre tinha uma turma de amigos em sua infância que o acompanhariam por toda a sua vida, Héfestion, Ptolomeu, Seleuco, Filotas, Pérdicas, Eumênio e outros que se juntaram a ele mais tarde, como o historiador Calístenes, sobrinho de Aristóteles e o almirante Nearcos.
Após o nascimento do príncipe a primeira coisa que o rei Filipe fez foi voltar a Pela(capital da Macedônia) e visitar seu filho que acabara de nascer, ele mostrou seu pequeno herdeiro a seus soldados e pela primeira vez foi ouvida um clamor de reverência e afeição que ecoaria pelos confins do mundo, ALEXANDRE!!!! ALEXANDRE!!!! ALEXANDRE!!!!
O rei Filipe tinha um amor imenso por Atenas, que ele visitara ainda em sua infância, por esse motivo ele desejava que seu filho fosse educado de acordo com a ideologias atenienses de democracia e liberdade, mas sem nunca esquecer as necessidades e os deveres de um rei, para que Alexandre não fosse chamado de rei bárbaro proveniente de um reino bárbaro pelas outras cidades-estado gregas, já que o próprio rei Filipe assim era chamado por muitos políticos e discursistas. É provável que a Macedônia fosse o reino mais subestimado da Grécia, pois nem gregos eles eram considerados, pois eles haviam lutado tanto tempo defendendo a Grécia dos bárbaros do norte que eles mesmos haviam se tornado como eles, se afastando da cultura das outras cidades-estado.
Para que Alexandre tivesse a melhor educação e enxergasse o mundo num panorama mais amplo do que o de qualquer outro o rei mandou seu filho de 13 anos e seus jovens amigos para serem educados pelo célebre filósofo e pensador Aristóteles, filho de Nicômaco( médico pessoal da família real na época do nascimento de Alexandre ). Aristóteles tinha como ideologia a superioridade grega e a idéia que havia apenas um sistema de governo digno a um homem, a democracia, onde todos os homens são
livres, portanto, todos os homens detém o poder, diferente da oligarquia e da monarquia.
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Alexandre e Aristóteles por Charles Laplante |
O filósofo aceitou educar o príncipe e seus amigos inicialmente por interesses políticos, mas logo começou a si afeiçoar por aqueles garotos. E eles aprenderam muito com ele, Arte, Filosofia, Matemática e História. Apesar dos ensinamentos de Aristóteles sobre a superioridade grega, Alexandre se inspirava e sentia respeito e admiração pelos povos de fora. Ele leu e era fascinado pelos grandes reis Persas, como Ciro, Dario, Xerxes e Artaxerxes. Mas agora a Pérsia apesar de ser o império mais extenso do mundo estava longe de ser a glória que era na época desses reis, agora o império estava afundado em ganância, traição e lutas pelo poder, e um novo rei se ascendia ao trono no leste, que se auto nomeava Dario III.
O rei Filipe tinha planos de transformar a liga pan-helenística ( a junção das cidades-estado gregas que se uniam por um objetivo em comum ) em algo fixo, para lutar e derrotar os inimigos seculares dos gregos, os persas. Ele transformou a Macedônia em uma verdadeira máquina de guerra, lutou e derrotou as cidades-estado, dando um ultimato a cada uma delas, ou eles o aceitavam como Hegemon e comandante de seus exércitos ou pereceriam. A maioria o aceitou e entrou para a liga, já outras foram derrotadas por ele ou se aliaram aos persas, como Esparta.
Quando seu filho havia completado 16 anos, o rei o chamou de volta para Pela e o nomeou seu representante na Macedônia, assim Alexandre ficou ciente de todos os planos de seu pai. Mas as relações entre pai e filho começaram a esfriar, Filipe se casou pela segunda vez com uma jovem chamada Eurídice, filha de Átalo, um dos comandantes do rei, a rainha Olímpia passou a ficar cada vez mais distante já que as relações com o seu marido haviam acabado a alguns anos, e seu filho estava cada vez mais ocupado com seus deveres. A rainha começou a fazer a cabeça de seu filho contra o rei, dizendo que ele pretendia ter filhos com a nova esposa e que esses seriam os novos herdeiros, e já que Olímpia era uma estrangeira e Eurídice uma macedônia de berço todos a favoreceriam. Alexandre ignorou a mãe até o dia da festa de casamento de seu pai em que Átalo fez um brinde ao legitimo herdeiro e sucessor que sua filha conceberia do rei. O príncipe ficou furioso vendo aquela afronta a sua dignidade, empunhou a sua espada e ameaçou o sogro de seu pai na frente de todos os convidados. O rei Filipe bêbado e alterado com a ofensa e a ameaça de seu próprio filho ao pai de sua nova esposa, tenta se armar para defender Átalo e dar uma lição em Alexandre, mas escorrega e na tentativa de si levantar derruba a mesa e leva ao chão as bebidas. Alexandre em um ato de arrogância zomba de seu pai dizendo que um homem que não consegue nem se manter de pé é incapaz de guiar qualquer exército contra a Pérsia. O rei Filipe humilhado pelo filho manda ele ir embora e Alexandre obedece, ele e sua mãe Olímpia fogem para o Épiro, reino aliado da Macedônia, governado por Alexandre, irmão de Olímpia.
Deixando sua mãe em segurança sobre a guarda de seu tio, Alexandre partiu e decidiu se exilar na Ilíria, pra onde seus fiéis amigos mais tarde o acompanharam, com exceção de Eumênio que servia a seu pai como secretário, e que pelos anos a seguir que Alexandre se manteve afastado lutando e vivendo entre os bárbaros foi o intermediador entre pai e filho. Com o passar do tempo as lembranças, a mágoa e a desconfiança entre eles vai diminuindo e eles voltam a ter boas relações entre si. Alexandre pedi perdão a seu pai e o rei aceita suas desculpas e confirma Alexandre como o único e verdadeiro herdeiro ao trono. O rei Filipe acaba morrendo apunhalado por um de seus guardas pessoais, sem levar seus planos adiante, e Alexandre reivindica seus direitos de herdeiro e sucessor, se tornando rei da Macedônia e Hegemon da liga pan-helenística aos seus 19 anos. E assim começaria a jornada de um dos homens mais poderosos que já existiu. E isso é apenas um resumo sobre o início de sua vida. A trajetória de Alexandre para si tornar tudo aquilo que conhecemos hoje é muito extensa e eu não ousaria descrevê-la, existiam várias lendas a respeito de Alexandre, que ele era descendente de Hércules por parte de pai( os Argeades ) e descendente de Aquiles por parte de mãe( os reis do Épiro ), sendo que ele mesmo se considerava o novo Aquiles. Depois da morte do rei Filipe, a rainha Olímpia espalhou a lenda de que certa noite Zeus havia aparecido a ela na forma de uma serpente e os dois teriam feito sexo, e dessa união teria sido concebido seu filho, Alexandre.
Os egípcios o nomearam filho de Amon, o deus supremo e os persas o viam como a encarnação de Arimã, o deus das trevas e da destruição e outros o viam como o enviado de Ahura Mazda, o deus da luz e da criação. Muitos chamam o império de Alexandre como império helenístico, mas ele não era um império como o império romano ou o império mongol que passaram nas mãos de vários homens ao passar dos séculos. Ele era o império Alexandrino, vários reinos e impérios distintos de culturas e etnias diferentes na mão de um mesmo homem, Alexandre. E o império que era composto pela Grécia, Egito, Pérsia e Índia tinha como base esse jovem garoto, que a mantinha unida pelo amor e medo que tantos povos sentiam por ele, um pai, um filho e um deus para tantos soldados. Rei da Macedônia, Hegemon da Grécia, Faraó do Egito, Soberano da Índia e Grande Rei da Pérsia. O rei a quem aquele que vós escreve seguiria até o fim do mundo!!!!
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Monumento representando o rosto do rei Felipe II da Macedônia. |
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Zeus e Olímpia em ato sexual por Giulio Romano |
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