sábado, 18 de fevereiro de 2017

A Terra-média é o Velho Mundo

      A Terra-média diferente do que é sugerido por alguns leitores e estudiosos do universo criado por J.R.R. Tolkien, não é outro mundo (como Nárnia de C.S. Lewis) ou um mundo oculto dentro do nosso( como o mundo da magia de J.K. Rowling ), dentro do imaginário do autor a Terra-média é o Velho Mundo( Europa, Ásia e África ) em torno de 6.000 anos atrás, como dito por Tolkien em suas cartas:


"“Terra-média”, a propósito, não é um nome de uma terra imaginária sem relação com o mundo no qual vivemos (como o Mercúrio de Eddison)4. É apenas um uso da palavra middel-erde (ou erthe) do inglês médio, alterada a partir da palavra Middangeard do inglês antigo: o nome para as terras habitadas dos Homens “entre os mares”. E embora eu não tenha tentado relacionar o formato das montanhas e das massas de terra com o que os geólogos podem dizer ou conjeturar sobre o passado mais próximo, imaginativamente presume-se que essa “história” ocorra em um período do verdadeiro Velho Mundo deste planeta." - Carta: 165

"Sou historicamente inclinado. A Terra-média não é um mundo imaginário. O nome é a forma moderna (que apareceu no século XIII e ainda está em uso) de midden-erd > middel-erd, um antigo nome para o oikoumenç, o local de moradia dos Homens, o mundo objetivamente real, no uso especificamente oposto a mundos imaginários (como a Terra das Fadas) ou mundos não-vistos (como o Céu ou o Inferno). O teatro de minha história é este mundo, aquele no qual agora vivemos, mas o período histórico é imaginário. Os princípios básicos desse local de moradia estão todos lá (para os habitantes do noroeste da Europa, de qualquer forma), de modo que naturalmente parece familiar, ainda que um pouco glorificado pelo encantamento da distância no tempo." - Carta: 183


 "A ação da história acontece no noroeste da “Terra-média”, equivalente em latitude às regiões costeiras da Europa e às costas setentrionais do Mediterrâneo. Mas essa não é uma área puramente “nórdica” em qualquer sentido. Se a Vila dos Hobbits e Valfenda forem consideradas (como pretendido) como estando por volta da latitude de Oxford, então Minas Tirith, 600 milhas ao sul, está por volta da latitude de Florença. As Fozes do Anduin e a antiga cidade de Pelargir estão por volta da latitude da antiga Tróia." - Carta: 294


Quanto ao tempo em que as histórias se passam:



"* Imagino que a lacuna seja de cerca de 6.000 anos: isto é, estamos agora no fim da Quinta Era, se as Eras forem da mesma duração da S.E. e T.E.. Porém, creio que elas tenham acelerado, e imagino que na verdade estamos no final da Sexta Era, ou na Sétima." - Carta: 211





Essa idéia da Terra-média ser o passado do Velho Mundo não está expressa apenas nas Cartas de J.R.R. Tolkien, mas nos próprios livros públicados pelo autor:





"Aqueles dias, a Terceira Era da Terra-média, já se passaram há muito tempo, e o formato de todas as terras foi mudado; mas as regiões habitadas pelos hobbits dessa época são sem dúvida as mesmas onde eles ainda permanecem: o Noroeste do Velho Mundo, a Leste do Mar." - Prólogo - O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel





"Os hobbits são um povo discreto mas muito antigo, mais numeroso outrora do que é hoje em dia. Amam a paz e a tranqüilidade e uma boa terra lavrada: uma região campestre bem organizada e bem cultivada era seu refúgio favorito. Hoje, como no passado, não conseguem entender ou gostar de máquinas mais complicadas que um fole de forja, um moinho de água ou um tear manual, embora sejam habilidosos com ferramentas. Mesmo nos tempos antigos, eles geralmente se sentiam intimidados pelas “Pessoas Grandes”, que é como nos chamam, e atualmente nos evitam com pavor e estão se tornando difíceis de encontrar." - Prólogo - O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel 

"A mãe desse nosso hobbit - o que é um hobbit ? Imagino que os hobbits requeiram alguma descrição hoje em dia, uma vez que se tornaram raros e esquivos diante das Pessoas Grandes, como eles nos chamam" - Uma Festa Inesperada - O Hobbit



Quanto ao desaparecimento gradual das raças:

 Se a Terra-média é o Velho Mundo há 6.000 anos atrás e nós estamos por volta da Sétima Era do Sol, onde estão os elfos, hobbits, anões, dragões, ents, grandes águias, orcs, trolls e etc? É dito que a Quarta Era seria a era dos homens, onde os filhos mais novos de Ilúvatar iriam ascender e todas as outras raças deveriam sucumbir ou partir. Os eldar( os elfos da grande marcha ) tinham a permissão dos Valar para retornarem para as Terras Imortais onde viveriam em Tol Eressëa, e de lá poderiam visitar Aman e seus parentes que vivem em Valinor. Já os avari, os elfos que recusaram o chamado do Valar para a grande marcha em direção ao Oeste não tinham tal permissão, haviam muitos avari vivendo em Lórien e na Floresta das Trevas durante a Terceira Era, estes permaneceram na Terra-média, juntos com alguns eldar que se recusaram a deixar seu lar, podem ter sido "mortos" com o tempo por estarem fartos de 10 mil séculos ou em meio a guerra e a tristeza, e seus espíritos foram levados aos Salões de Mandos, a oeste de Aman, até reencarnarem e voltarem a viver livremente entre os elfos de Valinor e Eressëa, que desde a queda de Númenor na Segunda Era não está mais presente nesse mundo, nem física nem geograficamente, estando a cima de Arda e tendo sido levada para o mundo espiritual:

"Encontrava-se então como se encontra. Na verdade, exatamente da mesma forma em que se encontra, redondo e inescapável. Essa é em parte a questão. A nova situação, estabelecida no início da Terceira Era, leva eventual e inevitavelmente à História habitual, e vemos aqui o processo culminando-se. Caso o senhor, ou eu, ou qualquer um dos homens mortais (ou hobbits) dos dias de Frodo se lançasse por sobre o mar, ao oeste, eventualmente teríamos, como agora, voltado (como agora) ao nosso ponto de partida. Foi-se a época “mitológica” em que Valinor (ou Valimar), a Terra dos Valar (deuses, se preferir) existia fisicamente no Extremo Oeste, ou a imortal Ilha Eldaica (Élfica) de Eressëa; ou a Grande Ilha de Ponente (Númenor-Atlântida). Após a Queda de Númenor, e de sua destruição, todas essas foram removidas do mundo “físico” e não eram alcançáveis por meios materiais. Somente os Eldar (ou Altos-Elfos) ainda podiam navegar para lá, abandonando o tempo e a mortalidade, mas jamais retornando." - Carta: 151

Elves in the Woody End por Ted Nasmith

  Os Hobbits ainda existem e permanecem no mesmo lugar, no noroeste do Velho Mundo, por volta de Oxford na Inglaterra, escondidos em bosques e florestas. A medida que as pessoas grandes( como eles nos chamam ) vão se multiplicando eles se tornam cada vez mais reclusos e afastados, e diminuem o tamanho com o passar do tempo. Os hobbits são um ramo da raça humana, e isso explica o porque de eles ainda viverem no nosso mundo, sem terem sucumbido ou partido, continuando entre nós:

* Os Hobbits, é claro, são realmente pretendidos como um ramo da raça especificamente humana (não Elfos ou Anões) — por isso as duas espécies podem morar juntas (como em Bri), e são chamadas simplesmente de Pessoas Grandes e Pessoas Pequenas. São inteiramente desprovidos de poderes não-humanos, mas são representados como estando em maior contato com a “natureza” (o solo e os outros seres vivos, plantas e animais), e anormalmente, para os humanos, livres de ambição ou cobiça de riqueza. Eles são criados pequenos (pouco mais que meia estatura humana, porém diminuindo à medida que os anos passam), em parte para exibir a mesquinhez do homem, do homem simples, sem imaginação e provinciano — embora sem a pequenez ou crueldade de Swift, e principalmente para mostrar, em criaturas de força física muito pequena, o espantoso e inesperado heroísmo de homens comuns “em apuros”. " - Carta: 131

Bilbo Baggins por Joe Gilronan 


Os Anões foram extintos, na Terceira Era eles já não eram tão numerosos quanto antes e haviam poucas mulheres anãs: 


            "Dis era filha de Thráin II. É a única mulher-anã mencionada nessas histórias. Gimli contou que há poucas anãs, provavelmente não mais que um terço de todo o povo. Raramente elas deixam seus lares, a não ser que haja grande necessidade. São tão semelhantes aos anões na voz e na aparência, e nas roupas que usam quando precisam viajar, que olhos e ouvidos dos outros povos não conseguem distingui-los. Isso deu origem entre os homens á tola crença de que não há anãs, e os anões "nascem da pedra"." - O Povo de Durin - Apêndices - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei 


"É por causa do reduzido número de mulheres entre eles que a espécie dos anões se multiplica lentamente, e fica ameaçada quando eles não têm uma moradia segura. Pois os anões só se casam uma vez na vida, e são ciumentos, como em todos os seus direitos. O número de anões-varões que se casam é na verdade menos de um terço. Pois nem todas as mulheres se casam: algumas não desejam maridos, outras desejam algum que não podem conseguir e portanto não aceitam outro. Quanto aos homens, muitos também não desejam o casamento, concentrando-se em seus oficios." - O Povo de Durin - Apêndices - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Na Terceira Era, os Dragões viviam em Forodwaith, os ermos do norte, e se reproduziam numa região conhecida como Urzal Seco. Eles continuaram existindo durante muito tempo pois eram numerosos o suficiente para manter a espécie e por possuírem uma grande longevidade, mas eventualmente acabaram sendo extintos no decorrer das eras seguintes por causa da perseguição por parte de grandes guerreiros, cavaleiros errantes e aventureiros que se dispunham a caça-los e acabar com o mal causado por essas criaturas de Morgoth. Dessas perseguições e contendas é que surgiram histórias conhecidas até os dias de hoje onde dragões malignos guardam tesouros ou capturam donzelas indefesas, mas são mortos por grandes heróis da raça dos homens, que obtém o direito sobre o tesouro ou se casam com a donzela:

"Algumas respostas isoladas. Dragões. Eles não pararam, uma vez que estavam ativos em épocas muito posteriores, próximas da nossa própria época. Eu disse algo para sugerir o fim definitivo dos dragões? Caso o tenha feito, deve ser alterado. A única passagem na qual consigo pensar é Vol. p. 70: “hoje em dia não sobrou dragão algum na terra cujo velho fogo seja quente o suficiente”. Mas isso implica, penso eu, que ainda há dragões, mesmo que não sejam de estatura primeva plena." - Carta: 144

Smaug destroys Lake Town por Greg Hildebrandt


No final da Terceira Era restavam poucos Ents, alguns se tornaram arvorescos e por causa da perda das Entesposas, eles não podiam reproduzir e ter seus Entinhos. A  maioria das Entesposas foram mortas quando Sauron incendiou a Terra Parda para impedir o avanço da Última Aliança pelo rio Anduin no final da Segunda Era:

"— Por que há tão poucos se vocês vivem neste lugar há tanto tempo? Perguntou Pippin.
— Morreram muitos?— Oh, não! — disse Barbárvore. — Nenhum morreu de dentro para fora, como vocês diriam. Alguns caíram na má sorte dos longos anos, é claro; e a maior parte se tornou arvoresca. Mas nunca houve muitos de nós, e não aumentamos em número. Não houve entinhos — crianças, vocês diriam por uma conta interminável de anos. Sabem, perdemos as entesposas.
— Que coisa triste! — disse Pippin. — Como foi que todas morreram?— Elas não morreram! — disse Barbárvore. — Eu não disse morreram. Nós as perdemos, eu disse. Perdemos e não conseguimos encontrá-las. Ele suspirou. — Achei que a maior parte das pessoas sabia disso. Há canções sobre os ents procurando as entesposas, que são cantadas pelos elfos e pelos homens, da Floresta das Trevas até Gondor. Não podem estar de todo esquecidas." - Barbárvore - O Senhor dos Anéis: As Duas Torres

"- Agora, agradeço-lhes mais uma vez - disse Aragorn -, e desejo-lhes boa sorte.
Que sua floresta cresça outra vez em paz. Quando este vale estiver cheio, haverá espaço de sobra a oeste das montanhas, onde outrora vocês caminharam.O rosto de Barbárvore se entristeceu. - As florestas podem crescer - disse ele. - Os bosques podem se espalhar. Mas não os ents. Não existem entinhos.- Mas agora talvez haja mais esperança em sua procura - disse Aragorn. - Terras  que estiveram por muito tempo fechadas ficarão abertas para vocês na direção do leste." - Muitas Despedidas - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Farewell to Fangorn por Luca Bonatti



Antes mesmo de sua criação já estava prenunciado que os Ents permaneceriam no mundo por um determinado espaço de tempo, enquanto os elfos estiverem em seu apogeu e os homens forem jovens:


" Despertou então Manwë, desceu até Yavanna na colina Ezellohar e sentou-se a seu lado, à sombra das Duas Árvores. E Manwë falou: - Ó, Kementári, Eru pronunciou-se e disse: “Será que algum Vala supõe que eu não tenha ouvido toda a Música? Mesmo o som mais ínfimo da voz mais fraca? Vejam!Quando os Filhos despertarem, o pensamento de Yavanna também despertará, e ele convocará espíritos de muito longe, que irão se misturar aos kelvar e aos olvar, e alguns ali residirão e serão reverenciados, e sua justa ira será temida. Por algum tempo: enquanto os Primogênitos estiverem no apogeu, e os Segundos forem jovens.” " - De Aulë e Yavanna - O Silmarillion

As Grandes Águias de Manwë eram espíritos enviados de muito longe por Ilúvatar, moldados e imaginados através da associação entre Manwë e Yavanna, haviam sido enviados para Eä para auxiliar o Rei de Arda vigiando e trazendo notícias da Terra-média. Tendo Morgoth sido banido para o Vazio no final da Primeira Era e Sauron tendo sido subjugado a um espírito inferior com a destruição do Um Anel no final da Terceira, as Águias com o tempo retornaram para Valinor e passaram a viver junto de seu antigo senhor:

"Espíritos na forma de falcões e águias sempre chegavam em vôo à sua morada e dela partiam; e seus olhos enxergavam as profundezas dos mares e penetravam nas cavernas ocultas nos subterrâneos do mundo. Assim, traziam-lhe notícia de quase tudo o que se passava em Arda." - Do Início dos Tempos - O Silmarillion

Great Eagles - The Hobbit: An Unexpected Journey


Os Orcs e os Trolls continuaram existindo e importunando a Terra-média durante muito tempo após a queda de Sauron, assim como sobreviveram a queda de Morgoth, com a fuga de muitos deles após a Guerra da Ira no final da Primeira Era. Mas com o poderio dos homens do Oeste e a glória do reino reunido de Arnor e Gondor, e sem um grande mestre para os encorajar, comandar e incitar foi apenas questão de tempo até que essas abominações sucumbissem e nunca mais fossem vistas andando em forma visível dentro dos Círculos do Mundo.

 Outras criaturas citadas brevemente nos livros de Tolkien como Fadas, Gigantes e Ninfas uma vez que já não eram tão numerosas na Terceira Era( sendo referenciadas apenas em poemas e lendas antigas ) podem ter sido facilmente esquecidas e terem desaparecido com o tempo.


Quanto a Geografia e os povos da Terra-média:






O Senhor dos Anéis se passa no Oeste/Noroeste da Terra-média que seria o equivalente a Europa atual, em contraste com o Harad, o Rhûn e o Khand que seriam equivalentes a África, a Ásia e ao Oriente Médio. Os homens de Harad, Rhûn e Khand são descendentes dos homens que permaneceram a leste da Terra-média, e que por isso não tiveram contato com os eldar e assim sendo nunca tiveram contato com os Valar, mesmo que indiretamente. Por isso foram atraídos mais facilmente por Morgoth, O Senhor do Escuro e nas eras posteriores por seu servo Sauron, e eles os reverenciaram como deuses, sentindo ódio e amargura pelos homens do Oeste. Os homens do Oeste da Terra-média são descendentes dos edain, no início da Primeira Era o mal de Morgoth se espalhara pelo leste da Terra-média e esses homens ouvindo os rumores sobre os Valar e sobre a luz de sua terra abençoada ao Oeste naturalmente acabaram sendo atraídos para aquela direção, assim como o fizeram diversos outros povos de diversas outras raças. Eles atravessaram as Ered Luin, as Montanhas Azuis, e deram as costas a sombra de Morgoth, em Beleriand eles tiveram o primeiro contato com os eldar e mesmo que indiretamente com os Valar e com Ilúvatar, que está acima deles:





" “O Ocidente” aqui claramente significa o Extremo Oeste além do Mar, não parte da Terra-média; o nome Olórin é de forma alto-élfica. “O norte” deve referir-se às regiões do noroeste da Terra-média, onde a maioria dos habitantes ou povos falantes eram, e permaneciam, incorruptos por Morgoth ou Sauron. Nessas regiões seria mais forte a resistência aos males deixados para trás pelo Inimigo, ou a seu servo Sauron, caso este reaparecesse. Os limites dessa região eram naturalmente vagos; sua fronteira leste era aproximadamente o Rio Carnen até sua junção com o Celduin (o Rio Corrente), e além até Númen, e de lá rumo ao sul até os antigos confins de Gondor Meridional. (Originariamente não excluía Mordor, que estava ocupada por Sauron, mesmo que fora de seus reinos originais “no leste”, como ameaça deliberada ao oeste e aos númenorianos.) “O norte” inclui portanto toda esta grande área: uma fronteira imprecisa do oeste para o leste desde o Golfo de Lûn até Númen, e do norte para o sul desde Carn Dûm até os limites meridionais da antiga Gondor, entre esta e o Harad Próximo. Além de Númen, Gandalf jamais fora.


Esse trecho é a única prova que resta acerca da extensão de suas viagens mais para o sul. Aragorn afirma ter chegado “às regiões distantes de Rhûn e Harad, onde as estrelas são estranhas” (A Sociedade do Anel, II, II). Não é necessário supor que Gandalf tenha feito o mesmo. Essas lendas são centradas no norte — porque está representado como fato histórico que o combate contra Morgoth e seus servos ocorreu principalmente no norte, e especialmente no noroeste, da Terra-média, e isso foi assim porque o movimento dos elfos, e depois dos homens escapando de Morgoth, fora inevitavelmente rumo ao oeste, na direção do Reino Abençoado, e rumo ao noroeste porque naquele ponto as costas da Terra-média estavam mais próximas de Aman. Harad “sul” é portanto um termo vago; e, apesar de os homens de Númenor, antes de sua queda, terem explorado as costas da Terra-média muito ao sul, suas povoações além de Umbar haviam sido absorvidas, ou, tendo sido estabelecidas por homens que já em Númenor tinham sido corrompidos por Sauron, haviam se tornado hostis e parte dos domínios de Sauron. Mas as regiões meridionais em contato com Gondor (e chamadas pelos homens de Gondor simplesmente de Harad “sul”, Próximo ou Extremo) eram provavelmente mais propensas a serem convertidos à “Resistência”, e também lugares onde Sauron estava mais ocupado na Terceira Era, visto que eram para ele uma fonte de mão-de-obra muito prontamente utilizada contra Gondor. Para essas regiões, Gandalf pode muito bem ter viajado nos primeiros dias de suas labutas. " - Os Istari - Contos Inacabados

Mapa com anotações de Tolkien


A afirmação de Aragorn de que ele teria viajado as regiões distantes de Rhûn e Harad, "onde as estrelas são estranhas" reforça a idéia de que seria um outro hemisfério:


"-Tive uma vida dura e longa; e as milhas que se estendem entre este lugar e Gondor são uma pequena fração na soma de minhas viagens. Atravessei muitas montanhas e muitos rios, e pisei em muitas planícies, chegando até mesmo às regiões distantes de Rhûn e Harad, onde as estrelas são estranhas. Mas minha casa, a meu ver, fica no Norte." - O Conselho de Elrond - O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel



Os Haradrim( sulistas ) e os homens de Rhûn( orientais ) não são naturalmente maus, eles são filhos de Ilúvatar assim como os edain e seus descendentes, mas ao contrário dos edain, conhecidos como Homens do Oeste, os sulistas e orienatis não conseguiram fugir do mal de Morgoth e mais tarde de seu representante, Sauron. Foram iludidos por eles e passaram a servi-los e a escutar suas mentiras traiçoeiras, os reverenciando como se fossem deuses, virando as costas para os Valar e para Ilúvatar, o Pai de Todos. Essa visão é semelhante a visão cristã de que os deuses de todas as outras religiões seriam falsos deuses, demônios disfarçados para enganar e iludir as nações. Tolkien era um cristão convicto, seguidor fiel da Igreja Católica Apostólica Romana, é comum que ele, criado na Inglaterra e nascido no final do século XIX tenha feito a imagem dos homens de Harad, representação dos Africanos, e a imagem dos homens de Rhûn, representação dos Ásiaticos, sendo homens selvagens e iludidos por tiranos malignos em constante conflito com os homens do Oeste, representação dos Europeus: 


  

"— São cerca de dez léguas daqui até a praia oriental do Anduin — disse Mablung —, raramente chegamos tão longe. Mas temos uma nova missão nesta jornada: viemos preparar uma emboscada para os homens de Harad. Malditos sejam!

— E, malditos sejam os sulistas! — disse Damrod. — Comenta-se que havia transações antigamente entre Gondor e os reinos de Harad do extremo sul, embora nunca tenha existido amizade. Naqueles dias, nossas fronteiras ficavam lá no sul, além da foz do Anduin, e Umbar , o mais próximo dos reinos deles, reconhecia nosso poder. Mas muito tempo se passou. Já faz muitas vidas de homens que um sulista passou, indo ou vindo, entre nós. Ultimamente soubemos que o Inimigo esteve entre eles, que passaram para o lado d’Ele, ou retornaram a Ele — estavam sempre á sua disposição — como também fizeram tantos outros no leste. Não duvido que os dias de Gondor estejam chegando ao fim, e que as muralhas de Minas Tirith estejam condenadas, tão grandes são sua malícia e força.
— Mesmo assim, não vamos ficar de braços cruzados e deixar que Ele faça tudo como desejar — disse Mablung. — Esses malditos sulistas vêm agora marchando pelas estradas antigas para aumentar os exércitos da Torre Escura. Sim, pelas mesmas estradas que o trabalho de Gondor construiu. E cada vez avançam com menos cautela, pensando que o poder de seu novo senhor é grande o suficiente, de modo que a mera sombra de suas colinas irá protegê-los. Viemos para lhes ensinar uma outra lição. 
Foi-nos reportado há alguns dias que uma grande força deles agora marcha para o norte. Pelos nossos cálculos, um dos regimentos deve passar por volta do meio dia — na estrada lá em cima, no ponto onde ela atravessa uma fenda. A estrada pode atravessar, mas eles não! Não enquanto Faramir for Capitão. Agora ele lidera em todas as ocasiões perigosas. Mas sua vida tem algum encantamento, ou o destino o poupa para algum outro fim." - De Ervas e Coelho Cozido - O Senhor dos Anéis: As Duas Torres


"— Mas os regentes eram mais sábios e mais afortunados. 

Mais sábios, porque recrutaram a força de nosso povo entre a gente vigorosa da costa marítima, e entre os fortes montanheses das Ered Nimrais. E fizeram uma trégua com os povos altivos do norte, que nos tinham frequentemente assaltado, homens violentos, mas nossos parentes distantes, diferentes dos selvagens orientais e dos cruéis haradrim." - A Janela sobre o Oeste - O Senhor dos Anéis: As Duas Torres



"Não gosto do uso de “político” em tal contexto; parece-me falso. Parece-me claro que o dever de Frodo era “humano”, não político. Ele naturalmente pensou primeiro no Condado, uma vez que suas raízes estavam lá, mas a busca tinha como seu objetivo não a preservação deste ou daquele regime, tal como a parte república, parte aristocracia do Condado, mas a libertação de uma tirania maligna de todos os “humanos”* — incluindo aqueles, tais como os “orientais” e os Haradrim, que ainda eram servos da tirania." - Carta: 138


Um dos principais fatores que faz com que os Haradrim, os homens de Rhûn e os homens de Khând sejam antepassados dos Africanos, Ásiaticos e dos povos do Oriente Médio dentro da imaginação do autor é a semelhança física e cultural:

"O auxilio aos rohirrim não chegou demasiado cedo; a sorte se voltara contra Éomer, e sua fúria o traíra. A grande ira de seu ataque tinha derrotado inteiramente a dianteira do inimigo, e as grandes cunhas de seus Cavaleiros haviam penetrado fundo nas fileiras dos sulistas, derrubando seus cavaleiros e vitimando os que iam a pé. Mas, onde quer que surgissem os múmakil, por ali os cavalos não passavam, recuando e desviando; os grandes monstros continuavam invictos, e erguiam-se como torres de defesa; os haradrim se agrupavam em volta deles. Se os rohirrim, no inicio de seu ataque, totalizaram um número três vezes menor que os haradrim sozinhos, logo as coisas pioraram para eles, pois uma nova força despejava-se agora nos campos, vinda de Osgiliath. Haviam sido reunidos lá, para saquear a cidade e violar Gondor, aguardando o chamado de seu Capitão. Ele agora estava destruido, e Gothmog, o tenente de Morgul, os enviara para a luta: orientais com machados, e variags de Khand; sulistas de vermelho e, provenientes do Extremo Harad, homens negros semelhantes a semi-trolls , com olhos brancos e línguas vermelhas. Alguns ainda corriam na retaguarda dos rohirrim, outros se mantinham no oeste, para afastar as forças de Gondor e evitar que elas se juntassem às de Rohan." - A Batalha dos Campos de Pelennor - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

"Muitos inimigos estavam diante dele, e na metade mais distante da planície ainda havia outras tropas por combater. Ao sul, além da estrada, estava a maior força dos haradrim, e lá os seus cavaleiros se reuniam em torno da bandeira de seu capitão. Ele olhou e na luz que crescia viu a bandeira do rei; percebeu que ela estava muito à frente da batalha e com poucos homens em volta. Então encheu-se de uma ira sanguinária e soltou um grito; exibindo sua bandeira, serpente negra sobre escarlate, partiu contra o cavalo branco e o campo verde com uma grande força de homens; as cimitarras nas mãos dos sulistas pareciam estrelas faiscando." - A Batalha dos Campos de Pelennor - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei


"Ainda tiveram uma luta dura e muito trabalho, pois os sulistas eram homens destemidos e obstinados, e cruéis no desespero; os orientais eram fortes e endurecidos pela guerra, e não pediam trégua. Dessa forma, aqui e acolá, perto de celeiros ou casas incendiadas, sobre monte ou barranco, sob muralhas ou nos campos, eles ainda se reuniam e se reagrupavam, lutando até o fim do dia." A Batalha dos Campos de Pelennor - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

"Então, de repente, houve um tumulto de gritos ferozes. Cavaleiros inimigos foram chegando e varrendo tudo. As linhas de fogo transformaram-se em rios flamejantes: fileira após fileira de orcs carregando tochas, e sulistas bárbaros com bandeiras vermelhas, gritando em línguas rudes, avançando numa onda, alcançando os soldados em retirada." - O Cerco de Gondor - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei


"Estes eram homens de outra raça, vindos das selvagens terras do leste, reunindo-se ao chamado de seu Senhor Supremo; exércitos que tinham acampado diante de seu Portão durante a noite e agora marchavam para aumentar seu poder crescente." - O Portão Negro está fechado - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei 





"— Mais homens indo para Mordor — disse ele em voz baixa. — Caras escuras. Nunca tínhamos visto homens como esses antes, não, Sméagol nunca viu. São cruéis. Têm olhos negros, e longos cabelos negros, e argolas de ouro nas orelhas; sim, um monte de ouro bonito. E alguns têm tinta vermelha nas faces, e capas vermelhas; e levam bandeiras vermelhas, e vermelhas são as pontas de suas lanças; e têm escudos redondos, amarelos e negros com grandes cravos. Não são bonzinhos; parecem homens muito, muito cruéis. Quase tão maus quanto os orcs, e muito maiores. Sméagol acha que eles vieram do sul, de além do fim do Grande Rio: vieram por aquela estrada. Passaram pelo Portão Negro; mas outros podem segui-los. Cada vez mais gente vindo para Mordor. Um dia, todos os povos estarão lá dentro." - O Portão Negro está fechado - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei 



"— Essa — disse Sam, quando terminou de recitar, essa é uma rima que temos no Condado. Besteira, talvez, ou talvez não. Mas também temos nossas histórias, e notícias vindas do sul, você sabe. Antigamente os hobbits costumavam viajar de vez em quando. Não que muitos tenham retornado, e não que se acreditasse em tudo o que diziam: notícias de Bri, e não certeza de conversa do Condado, como dizem os ditados. Mas ouvi histórias sobre as pessoas grandes lá das Terras do Sol. Nós os chamamos de Morenos em nossas histórias; e eles montam em olifantes, pelo que se diz, quando lutam. Colocam casas e torres nos lombos dos olifantes, e os olifantes jogam pedras e árvores uns nos outros. Por isso, quando você disse “Homens do Sul, todos de vermelho e dourado”, eu disse “você viu algum olifante?”. Pois se tivesse visto, eu ia dar uma olhada, com ou sem risco. — Mas agora acho que nunca verei um olifante. Talvez nem exista um animal assim." - O Portão Negro está fechado - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Haradrim - The Lord of the Rings: The Return of the King


Os Haradrim tinham o costume de ir para a guerra montados em animais grandes e monstruosos, em cima deles eles construíam suntuosas torres. Esses animais eram chamados de Mûmak ou Mûmakil, mas eram conhecidos pelos hobbits como Olifantes, não era apenas no nome que eles eram parecidos com os elefantes, na canção infantil do condado recitada pelo Sam as características são basicamente as mesmas:



"Qual rato, sou cinzento, 

Sou grande, um monumento, 

Nariz feito um laço, 
A terra tremer eu faço, 
Quando piso na relva; 
Galhos quebro na selva. 
Tenho chifre no dente 
E caminho pra frente, 
Orelhonas abano 
Entra ano, sai ano,
O chão piso sem jeito, 
Mas no chão nunca deito, 
Nem que a morte me tome. 
Olifante é meu nome, 
Maior de todos, penso, 
Alto, velho, sou imenso. 
Quem um dia me conhece 
De mim jamais se esquece. 
Quem não tem essa dita 

Em mim não acredita;

Mas sou um Olifante antigo, 
Mentir não é comigo."
- O Portão Negro está fechado - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei



The Mûmak of Harad por Ted Nasmith


Assim como os Mûmakil eram imensos e monstruosos, os elefantes africanos são os maiores mamíferos vivos em terra, muito maiores que os elefantes asiáticos. Os Haradrim utilizavam os Mûmakil da mesma forma que na Antiguidade diversos povos Ásiaticos, como os indianos e alguns povos Africanos utilizavam seus elefantes, até a época de Alexandre, O Grande poucos europeus haviam visto um de perto. 



As semelhanças entre os povos é inegável, a utilização de Olifantes/Elefantes em batalha, o manuseio de cimitarras em combate, o costume de pintar o rosto na batalha, a linguagem gutural, que aos ouvidos dos europeus soaria como algo rústico e a etnia. Tudo leva a crer que no imaginário de Tolkien o Harad, o Rhûn e o Khând eram realmente a África, a Ásia e o Oriente Médio por volta de 6.000 anos atrás, como sugere o autor.


A Geografia é um ponto importante para se entender o conceito, desde a criação de Arda as terras sofreram diversas mudanças, Melkor sempre esteve presente para impedir o trabalho dos outros Valar, e mesmo quando eles conseguiram conter os tumultos e afastar Melkor do Reino de Manwë, este sempre retornava e voltava a corromper a criação, quando ele destruiu as duas Lamparinas dos Valar os rios foram envenenados, animais se tornaram monstros selvagens e o formato das terras mudaram, assim teve fim a Primavera de Arda. Quando os Valar finalmente resolvem intervir temendo pelo bem do elfos, que estavam por surgir, muitas terras tremeram e rios mudaram de leito, Melkor é derrotado e aprisionado em Mandos, onde ficaria preso por três eras, na contagem das Eras das Arvores. No final da Primeira Era do Sol as terras voltam a mudar de formato, por causa da Guerra da Ira, onde Beleriand é devastada e inundada. As terras estão em constante mudança, não seria diferente entre esses 6.000 anos que separam a nossa era da era de O Senhor dos Anéis, mas mesmo com tantas mudanças as semelhanças permanecem. O mapa que se segue é um rascunho desenhado pelo Tolkien do mapa de Arda presente no The Shaping of Middle-earth, o quarto volume do The History of Middle - earth e embaixo um mapa representando o Mapa-Múndi atual: 



Arda durante a Primeira Era, quando ainda era plana


Mapa Múndi atual



As terras mudaram, mas o formato dos continentes permaneceu semelhante, comparem o formato do continente africano ao formato de Harad no rascunho de Tolkien e a forma da Eurásia em comparação com a forma do Oeste e do Leste da Terra-média na parte superior do mapa. Aman, a terra dos Valar já não está mais presente entre nós, ela foi retirada junto de Tol Eressëa dos Círculos do Mundo e Ilúvatar encurvou os caminhos de Arda, o que até então era um mundo plano se tornou um mundo redondo.

Se a Terra-média é o Velho Mundo, então onde se encaixa o Novo e o Novíssimo Mundo, a América e a Oceania? No rascunho de Tolkien existe uma terra que está representada com o nome "Dark Land" no sudeste de Arda, que traduzido se torna "Terra Escura", esse nome pode ser uma referência a esse continente ser uma terra inabitada, dessas terras podem ter surgido a América e a Oceania. Depois da queda de Númenor, novas terras surgiram e Ilúvatar fez recuar os Grande Mares a Oeste e as "Terras Vazias" a Leste, essas terras a leste seriam o equivalente a "Terra Escura" a sudeste do rascunho:


"Mas a terra de Aman e Eressëa dos eldar foram levadas, retiradas para sempre para fora do alcance dos homens. E Andor, a Terra da Dádiva, Númenor dos Reis, Elenna da Estrela de Eärendil, foi totalmente destruída. Pois estava perto do lado oriental da enorme fenda; e seus alicerces foram revirados, fazendo-a tombar e cair na escuridão; e ela não existe mais. E agora não resta sobre a Terra lugar algum em que esteja preservada a lembrança de um tempo sem maldade. Pois Ilúvatar fez recuarem os Grandes Mares a oeste da Terra-média e também as Terras Vazias a leste; e novas terras e novos mares foram criados. E o mundo foi reduzido, já que Valinor e Eressëa foram transferidas para o reino das coisas ocultas." - Akallabêth A Queda de Númenor - O Silmarillion

Quando Ilúvatar fez recuar a "Terra Escura", e tornou o mundo curvo, as terras teriam se partido, uma parte teria recuado em direção ao oeste e a outra parte ao sudeste de Arda, formando o Novo e o Novíssimo Mundo. A Antártida e o Ártico teriam sido formados por parte do Forodwaith. A idéia da "Terra Escura" ser um lugar inabitado é congruente com a idéia científica de que a América era um continente inabitado até a chegada de povos asiáticos ao norte da América através do Estreito de Bering durante as glaciações.
As regiões de Harad eram descritas como regiões quentes ao sul da Terra-média, muito semelhante a descrição da África, Sam cita os haradrim como como os homens das Terras do Sol e pelas navegações númenorianas é dito o seguinte:

"Era por isso que, em decorrência da Interdição dos Valar, as viagens dos dúnedain naquele tempo eram sempre na direção leste, e não oeste, desde as trevas do norte ao calor do sul, e para além do sul até a Escuridão Inferior." - Akallabêth A Queda de Númenor - O Silmarillion

Assim como a África é dividida entre África Setentrional( ou branca ) e África Meridional( ou negra ), o Harad era dividido entre o Harad Próximo e o Extremo Harad:




Mapa de O Senhor dos Anéis representando o Oeste e parte do Leste e Sul da Terra-média



Reparem o Near Harad( Harad Próximo ) e o Far Harad( Extremo Harad ), um ao norte e outro ao sul do Haradwaith.





Tolkien diz em uma carta que Valfenda e o Condado se localizaria por volta da latitude de Oxford na Inglaterra, Minas Tirith 600 milhas ao sul estaria por volta da latitude de Florença na Itália.   O Reno é um rio que corta a Europa de norte a sul, assim como o Anduin era um rio que cortava o Noroeste da Terra-média. Existe uma antiga lenda nórdica-germânica sobre o Anel dos Nibelungos que serviu como base para a ópera de Richard Wagner, nessa história havia um mito de que no fundo do rio havia ouro protegido por três belas ninfas e quem fizesse um anel desse ouro se tornaria o senhor do universo. Esse anel tinha o poder de despertar a ambição no coração de todos os seres, apesar de Tolkien afirmar que a unica semelhança entre esse anel e o Um Anel é que ambos são redondos, as semelhanças vão além disso. Ambos eram foco de desejo e cobiça, e ambos tinham relação com um rio, o Um Anel foi encontrado e tomado por uma criatura pequena e mesquinha, o Sméagol, no rio Anduin, o Anel dos Nibelungos foi forjado por uma criatura pequena e mesquinha, o Alberich, através do ouro do rio Reno. A minha idéia é que sendo a Terra-média o Velho Mundo em um período histórico imaginário ou um passado inventado, as lendas teriam surgido através das histórias de Tolkien, que dentro do imaginário do autor seriam a realidade, sendo assim o rio Reno seria o rio Anduin( ou parte dele ) e com o tempo os povos nórdico-germânicos teriam distorcido a história "real" de Sméagol e do achado do Um Anel e o transformado na história de Alberich e do Ouro do Reno.



Assim teria sido também a história de Atlântida em relação com a história de Númenor. Atlântida e Númenor eram civilizações muito avançadas em relação a sua época, eram ilhas encontradas no mar do oeste, mas acabaram decaindo em orgulho e arrogância. Ilúvatar deu fim a Númenor com uma grande inundação, assim como Poseidon deu fim a Atlântida. Da mesma forma que os nórdico-germânicos distorceram a história original sobre o achado do Um Anel, os gregos teriam distorcido a história de Númenor e sua queda criando a história de Atlântida.

Mapa da Europa atual

O Condado e Valfenda se encontravam por volta da latitude de Oxford na Inglaterra( Reino Unido ), Minas Tirith, capital de Gondor se encontrava por volta da latitude de Florença na Itália, Mordor se encontrava provavelmente por volta da latitude da Península Balcânica no sudeste da Europa.


As estrelas de Elbereth: 



As estrelas são as mesmas, pelo menos ao que se refere a Ursa Maior. A Ursa Maior é uma constelação formada por sete estrelas. Ela era conhecida por esse nome pelos antigos gregos, para eles a constelação estava relacionada ao mito de Calisto. Como apontado por Carl Sagan em Cosmos, ela já teve diversas interpretações ao longo da história. Na Mitologia Nórdica era a carruagem de Odin, na França é conhecida como A Caçarola, no Egito essa constelação fazia parte de um grupo maior de estrelas e a viam como um touro puxando um homem na horizontal, na Índia era conhecida como Os Sete Sábios, na Inglaterra como O Arado, na China como O Burocrata Celestial e na Europa Medieval como A Carruagem. Na mitologia de Tolkien ela foi criada por Varda, a Enaltecida, e erguida aos céus na forma de uma Foice como um desafio a Melkor e um sinal da chegada do destino, a constelação é citada em ambas as obras, O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion:



"E bem alto ao norte, como um desafio a Melkor, ela pôs a balançar a coroa de sete estrelas poderosas, Valacirca, a Foice dos Valar e sinal do destino." - Do Início dos Tempos - O Silmarillion





"Apenas pelo mapa é que Bilbo sabia que lá em cima, onde as estrelas da Foice já estavam piscando, o Rio Corrente, vindo de Valle, desaguava no lago e, junto com o Rio da Floresta, enchia de águas profundas o que devia antes ter sido um grande e profundo vale rochoso." - Uma Acolhida Calorosa - O Hobbit



"Espiando lá fora, Frodo viu que a noite ainda estava clara. A Foice* pendia clara sobre as encostas da Colina de Bri. Então ele fechou e bloqueou as pesadas folhas interiores da janela, cerrando depois a cortina. Passolargo reavivou o fogo e apagou as velas.

*Nota - Nome que os hobbits dão à Ursa maior." - Passolargo - O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

Ursa Maior




O Papel de Tolkien dentro do conceito:






Tolkien começou a criar seu Legendarium para que houvesse um pano de fundo histórico para que suas línguas vivessem e com o objetivo de criar uma mitologia para a Inglaterra, que em comparação com a da Islândia lhe parecia muito escassa.

Dentro de seu imaginário ele era apenas o tradutor do Livro Vermelho do Marco Ocidental, um compilado de histórias descrevendo a jornada de Bilbo e a jornada de Frodo, onde foi contada a Guerra do Anel e os acontecimentos da Segunda e da Terceira Era, junto com As Traduções do Élfico feitas por Bilbo através de materias e memórias, escritos e orais, encontrados em Valfenda a respeito da Primeira Era e dos acontecimentos anteriores e posteriores à essa época:


Red Book of Westmarch




"As runas e os caracteres féanorianos no frontispicio deste livro significam “The Lord of the Rings translated from the Red Book of Westmarch by John Ronald Reuel Tolkien. Herein is set forth the history of The War of the Ring and the return of the King as seen by the hobbits”. Se vertidas para o português, as inscrições assumiriam a seguinte forma:



O SENHOR DOS ANÉIS TRADUZIDO DO LIVRO VERMELHO

do Marco Ocidental por John Reuel Tolkien. Aqui está contada a história da Guerra do Anel e do retorno do Rei conforme vista pelos hobbits." - Nota à edição brasileira - O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, edição traduzida e publicada pela Martins Fontes

"Em grande parte, este livro trata de hobbits, e através de suas páginas o leitor pode descobrir muito da personalidade deles e um pouco de sua história. Informações adicionais podem ser obtidas na seleção feita a partir do Livro Vermelho do Marco Ocidental, já publicada sob o título de O Hobbit. Essa história originou-se dos primeiros capítulos do Livro Vermelho, escritos pelo próprio Bilbo, o primeiro hobbit a se tornar famoso no mundo todo, e chamados por ele de Lá e de Volta Outra Vez, porque relatavam a sua viagem para o Leste e sua volta: uma aventura que mais tarde envolveria todos os hobbits nos grandes acontecimentos daquela Era relatados aqui." - Prólogo - O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

"As maiores dessas coleções ficavam provavelmente em Sob-as-torres, em Grandes Smials, e na Sede do Brandevin. Este relato sobre o final da Terceira Era é retirado principalmente do Livro Vermelho do Marco Ocidental. Esta fonte importantíssima para a história da Guerra do Anel era chamada assim porque foi preservada por muito tempo em Sob-as-torres, o lar dos Lindofilhos, Administradores do Marco Ocidental. Originalmente, este livro era o diário pessoal de Bilbo, levado por ele a Valfenda. 
Frodo o trouxe de volta para o Condado, juntamente com muitas folhas soltas de  anotações e durante R.C. 1420-1 ele quase encheu todas as paginas com seu relato sobre a  Guerra. Mas anexados a este e preservados juntamente com ele, provavelmente num  único estojo vermelho, estavam os três grandes volumes, encapados com couro vermelho,  que Bilbo lhe deu como um presente de despedida. A esses quatro volumes foi  acrescentado no Marco Ocidental um quinto contendo comentários, genealogias e vários  outros materiais relacionados aos membros hobbits da Sociedade.  O Livro Vermelho original não foi preservado, mas muitas cópias foram feitas, especialmente do primeiro volume, para o uso dos descendentes dos filhos de Mestre Samwise. A cópia mais importante, entretanto, tem uma história diferente. Foi guardada em Grandes Smials, mas escrita em Gondor, provavelmente a pedido do bisneto de Peregrin, e terminada em R.C. 1592 (Q.E. 172). Seu escriba acrescentou  esta nota: Findegil, Escriba do Rei, terminou este trabalho em IV 172.    Ele é uma copia exata em todos os detalhes do Livro do Thain de Minas Tirith. Esse livro era uma cópia, feita a pedido do Rei Elessar, do Livro Vermelho dos Periannath, e foi trazido a ele pelo Thain Peregrin quando este se retirou para Gondor em IV 64.
O Livro do Thain foi, desse modo, a primeira cópia do Livro Vermelho, e continha muitos dados que foram omitidos ou perdidos. Em Minas Tirith ele recebeu muitas anotações e muitas correções, especialmente nos nomes, palavras e citações das línguas élficas; e foi acrescentada uma versão abreviada daquelas partes do Conto de Aragorn e Arwen, que ficam de fora do relato da Guerra. Afirma-se que o conto completo foi escrito por Barahir, neto do Intendente Faramir, algum tempo depois da morte do Rei. Mas a característica mais importante da cópia de Findegil é que somente ela contém todas as “Traduções do Élfico” feitas por Bilbo. Esses três volumes foram considerados um trabalho de grande habilidade e erudição durante o qual, entre 1403 e 1418, ele usou todas as fontes disponíveis em Valfenda, tanto vivas quanto escritas. Mas como elas foram pouco usadas por Frodo, por se tratar quase que inteiramente dos Dias Antigos, não serão mais comentadas aqui." - Prólogo - O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel


Dentro de seu imaginário, Tolkien se colocava como um homem da Sétima Era do Sol que havia encontrado um livro antigo, talvez uma das cópias do Livro Vermelho, ou mais provavelmente a cópia de Findegil do livro do Thain ou uma de suas cópias que podem ter sido escritas em Gondor, já que a cópia de Findegil escrita a pedido do bisneto de Peregrin Tûk, era  a versão mais completa e a unica que continha todas as "Traduções do Élfico" escritas por Bilbo que retratava os acontecimento dos Dias Antigos da Terra-média.


Tolkien teria encontrado e traduzido esse livro do westron para o inglês moderno, e ao longo dos anos publicado na forma dos livros que conhecemos hoje, como O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Teria deixado também alguns manuscritos das histórias mais antigas do Livro Vermelho, acerca das "Traduções do Élfico" escritas por Bilbo, que acabaram sendo publicadas quatro anos após a sua morte por seu filho, Christopher Tolkien, na forma de sua obra-prima, O Silmarillion.




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